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terça-feira, maio 15, 2007

Paulo Coelho tem uma nova paixão: a Internet

Por Belinda Goldsmith

NOVA YORK (Reuters) - Paulo Coelho, o escritor mais vendido de todos os tempos na língua portuguesa, tem uma nova paixão: a Internet.
Paulo Coelho, que completa 60 anos este ano, tem seu próprio site e blog e passa três horas por dia conversando com seus leitores.
O escritor, que já vendeu mais de 92 milhões de livros em 150 países e em 64 idiomas, chegou a postar os primeiros sete capítulos de seu novo romance, "A Bruxa de Portobello", em seu blog, algo ele acredita atrair mais leitores.
Conhecido mundialmente pelo best-seller "O Alquimista", Paulo Coelho conversou com a Reuters sobre seu novo livro e seus leitores online.

Pergunta: Por que você postou capítulos de seu livro em seu blog?
Resposta: Acredito que é direito do leitor ter a possibilidade de ler o livro antes de comprá-lo. Minha intenção foi colocar um quarto do livro online e mais tarde abri-lo para comentários. A Internet é subestimada pelos escritores.

P: Sua editora concordou com isso?
R: Ela não encorajou a idéia, mas não fez objeções.

P: Você diz que passa bastante tempo online?
R: Passo três horas por dia conversando com meus leitores. Não posso responder a todos os emails porque recebo cerca de 500 por dia, mas tento chegar o mais perto possível dos meus leitores. Às vezes até os convido para eventos. Eles não são apenas meus leitores, mas pessoas que entendem minha alma.

P: De que maneira "A Bruxa de Portobello" difere de seus outros livros?
R: Cada um de meus livros é diferente. Tento colocar para fora algumas das minhas questões internas. "A Bruxa de Portobello" é um livro sobre a face feminina de Deus, algo que estamos sempre tentando negar. Estamos acostumados a enxergar Deus como disciplina, como um conjunto de regras, e nos esquecemos que Deus é amor, compaixão, misericórdia.

P: Você prevê que este livro cause controvérsia?
R: Quando escrevo não posso pensar se o que estou escrevendo vai ou não causar controvérsia, mas é meu dever falar sobre o que sinto. Não sou muito conservador em matéria de minha religião. Sou católico, mas, ao mesmo tempo, vejo que a Igreja precisa aceitar um novo conjunto de valores -- como dar às mulheres um papel de mais destaque na Igreja e compreender a sexualidade de hoje.

P: O Irã está proibindo "A Bruxa de Portobello"? Proibiu seu romance "O Zahir", de 2005.
R: Não sei. Minha editora ainda está aguardando permissão. Há três anos o Irã decidiu proibir nove de 12 títulos meus publicados por lá. Mas já existem muitas edições pirateadas lá, e encontrei um site em que é possível ler o livro inteiro.

P: Você não receia que as versões online de seus livros causem uma perda de receita?
R: Na Rússia em 1999 eu tinha quase todos meus títulos na Internet de graça, edições pirateadas, então decidi, em vez de combater a coisa, colocar todos esses títulos em meu site.
Em lugar de perder receita ou vender menos livros quando os livros finalmente foram publicados, todo o mundo os comprou. Não creio que as pessoas leiam um livro por inteiro na Internet a não ser que não tenham outra escolha. Se elas lerem os primeiros capítulos e gostarem, elas sairão e comprarão o livro.

P: Você se decepciona com as críticas intransigentes e contínuas que enfrenta no Brasil?
R: Isso é normal em qualquer país. Existe apenas uma exceção a essa regra: os Estados Unidos. Na França, por exemplo, quando um escritor vende 3.000 livros ele é um gênio, mas quando vende 100 mil é estúpido. Mas escrevemos para nós mesmos e para nossos leitores, não para os críticos.

P: Você cogitaria deixar o Brasil?
R: Passo um terço do meu tempo no Brasil, um terço na França e o resto do tempo viajando, mas meu lar é o Brasil, sem dúvida alguma. Esse é meu lar e foi onde aprendi as coisas mais importantes em minha vida. Tenho muito orgulho de ser brasileiro.

P: Você já começou seu próximo trabalho?
R: Ainda não. Sempre há um intervalo entre meus livros que dura dois anos. Preciso desse tempo -- é enquanto o livro está sendo escrito dentro de você mesmo e de sua alma. Quando você termina, a única coisa que precisa fazer é digitá-lo.

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