A cidade de Coari, antes conhecida no cenário regional como “Terra da Banana”, hoje é a “Terra do Gás Natural”, título concebido naturalmente depois da descoberta do gás em Urucu - entre os lagos Coari e Tefé - e início das atividades da Petrobras em terras do município.O presente artigo é o primeiro de uma série especial que mostrará Coari considerando vários aspectos. Neste, mostraremos as características econômicas e alguns impactos no modo de vida da sociedade coariense. Posteriormente abordaremos temas como a participação da Petrobras; políticas públicas da Prefeitura; custo de vida; turismo e opções de lazer; transportes; negócios nos três setores da economia; novo álbum de fotos de Coari.
Aquela cidade de características rurais, que tinha no produto “banana” importante destaque na economia do Estado, hoje passou a comprar o produto de Manaus, mas não deixou de lado a vocação no setor primário, onde o volume de produção de frutas e hortaliças atende boa parte da demanda local, sendo ainda necessário um complemento via compras, também, de Manaus, devido ao elevado consumo.
Mas o recebimento desses produtos que vêm de barco é precário, uma vez que o porto da cidade está desativado e o antigo porto, sem condições de uso, está sendo usado, tornando o embarque e desembarque de passageiros e cargas uma atividade lamentável para uma cidade como Coari.
Quem visita Coari, atualmente, vê uma cidade em constante movimento. O comércio é muito expressivo. Na área central (Praça do Cristo, Ruas Independência e 15 de Novembro), estão localizados a feira e mercado municipais; as maiores lojas como Casa Modelo, Esplanada e TV LAR; Escritório da Petrobras; Banco do Brasil, Bradesco e Casa Lotérica, além de várias outras empresas de pequeno e médio porte.
A atividade do Pólo Industrial de Urucu trouxe muitos benefícios a Coari devido, em primeiro lugar, à atividade da Petrobras, geradora de empregos e renda local. Em segundo lugar, devido aos volumosos repasses financeiros correspondentes aos Royalties da atividade de exploração.
Mas as vagas de emprego geradas localmente não foram todas preenchidas por profissionais nativos. Faltava qualificação profissional. A alternativa encontrada foi contratar profissionais nas mais variadas cidades e alojá-los em hotéis, pensões, casas, apartamentos e outros imóveis residenciais da cidade. Consequentemente, houve aumento no custo da atividade, devido a outros custos agregados às despesas com salários (no caso, custo de aluguel). Por outro lado, o que indiretamente foi custo para Petrobras (ou diretamente para as empresas contratadas), para os proprietários dos imóveis locais passou a ser uma oportunidade, uma vez que dificilmente outra atividade local demandaria tantos imóveis em Coari.
Já os recursos oriundos dos royalties (41% do total das transferências, base 09/2009) incrementaram sobremaneira as transferências governamentais, principal fonte de renda da cidade, uma vez que a arrecadação de impostos como ISS é insignificante, e os repasses estaduais (IPVA, ICMS, Royalties e IPI) correspondem atualmente a 25% do total das transferências.
Tudo isso transformou Coari no município com o maior PIB Per Capita do Estado do Amazonas, superando até mesmo a capital, Manaus, que conta com a produção das indústrias do consolidado PIM (Pólo Industrial de Manaus).
No relatório anual publicado pela SEPLAN em 2008, conhecido como “Condensado”, os técnicos da secretaria mostram a evolução do PIB Per Capita de 1998 a 2003 de cinco municípios do Amazonas, e na época comentavam com destaque a evolução do PIB de Coari. Veja abaixo o que dizia o relatório da SEPLAN:
“O PIB per capita dos cinco principais municípios do estado encontram-se detalhados no quadro abaixo:
Nota-se uma supremacia absoluta dos municípios de Manaus e Coari em termos do PIB per capita em relação aos outros três.
Ao longo do período (1998 a 2003) nos dois primeiros anos da série, destaca-se o município de Manaus como o maior PIB Per Capita do Estado. A partir de 2000 com a intensificação da exploração de gás através da PETROBRAS o município de Coari passou a comandar o PIB Per Capita do Estado em função do royalties do petróleo pagos ao município.”
Esse elevado PIB Per Capita transformou o modo de vida da população de Coari. Isto é visível nos indicadores socioeconômicos, tanto pela conseqüência natural do aumento do PIB Per Capita, como também pelo aumento do custo de vida local, face à aparente especulação gerada em vários setores da economia, como o imobiliário e o de alimentação. Mas também é visível no dia-a-dia da cidade, no movimento de veículos e pessoas nas ruas, nos comércios e repartições públicas.
Na cidade de Coari circulam diariamente profissionais de várias partes do Brasil. Esse fato é causado pela presença da Petrobras (cujos profissionais utilizam uniforme cor de abóbora e dão um colorido especial as ruas da cidade e são conhecidos como "funcionários da firma”) e de entidades públicas como UFAM, UEA, IBAMA, TRE, Correios, Forças Armadas, Tribunal de Justiça, Ministério Público, e tantas outras.
Alguns profissionais já fixaram residência na cidade. Outros utilizam os hotéis, pensões e imóveis alugados. Mas todos contribuíram e contribuem para a mudança de comportamento da sociedade, em vários aspectos como nas atividades econômicas do comércio, do setor imobiliário e dos demais serviços.
Uma curiosidade ocorre com os veículos de Coari. A maioria dos veículos são novos e ainda não há oficinas mecânicas nem auto-peças que atenda a essa demanda. Os serviços são voltados exclusivamente para motocicletas. E também, a maioria dos imóveis não possui garagem para carros. Parece que o aumento do poder aquisitivo da população aconteceu de forma tão abrupta que aqueles moradores, que antes só possuíam motocicletas, adquiriram o novo veículo mas suas residências não estavam preparadas para tanto. A alternativa encontrada foi deixar o veículo estacionado na rua, em frente da casa;
Há um problema grave relacionado à educação para o trânsito. Os cruzamentos das ruas que contam com semáforos, que são muitos, contam ainda com placas orientativas, do tipo “Obedeça a Sinalização”. Mas é comum os motoqueiros e mototaxistas, que são a maioria no trânsito, não obedecerem as indicações, avançando os sinais vermelhos, pondo em risco a vida de passageiros e de pedestres.
Se você for visitar Coari e precisar utilizar os serviços de mototáxi, é prudente orientar o mototaxista para que ele obedeça às sinalizações do trânsito.
No campo político, Coari passou por uma eleição suplementar no final de setembro e no dia 17 de outubro, o novo prefeito tomou posse com uma grande missão pela frente: assumir a administração de uma cidade que possui o maior PIB Per Capita do Amazonas, mas ao mesmo tempo com enormes problemas nas políticas públicas de geração de emprego e renda. Mas isso é tema para os próximos artigos.
Em breve mais notícias sobre Coari:
Participação da Petrobras;
Políticas públicas da Prefeitura;
Custo de vida em Coari;
Turismo e opções de lazer;
Transportes;
Negócios nos três setores da economia de Coari;
Novo álbum de fotos de Coari.