O município de Coari, distante 363 kms da capital, cidade
que fica no rio Solimões, entre o lago do Mamiá e o Lago de Coari,
completará 79 anos de existência no próximo dia 2 de agosto. Nesta
mesma data, no ano de 1932, a comarca de Coari era elevada a categoria
de cidade. Segundo historiadores, Coari nasceu de uma aldeia indígena,
fundada em princípios do século XVIII, pelo jesuíta Samuel Fritz. O
Brasil descobriu Coari em 1986 quando seu nome tomou conta dos jornais
com a descoberta de uma imensa jazida de petróleo e gás natural, cuja
produção atual, somente de gás, já atingiu 10 milhões de m³/dia.
Coari veio a ocupar as manchetes de
jornal novamente, em 2008, mas desta vez com notícias nada
alvissareiras, desvios de recursos públicos, fraudes em licitação,
sonegação fiscal e exploração sexual de menores. Os acusados eram na
quase absoluta maioria, homens públicos de Coari. “Essa gente, que na
sua maioria nem era de Coari, só veio para manchar o nome da nossa
cidade”, lamenta o atual prefeito, Arnaldo Mitouso, eleito em setembro
de 2009, após o TRE cassar o prefeito eleito e determinar novas eleições
em Coari.
Começar de Novo
O prefeito diz que Coari está lutando
para “ressurgir das cinzas”. Ele aponta problemas que não foram criados
apenas por um grupo político que passou cerca de 10 anos no Poder e
desviou recursos do munícipio, ou que não aplicou corretamente os
recursos em investimentos para melhorar a qualidade de vida da população
de Coari. Mitouso lembra que, a partir da descoberta do petróleo e do
gás, Coari passou a ter as mazelas de cidades onde as pessoas chegam de
todos os cantos, com a certeza de conseguir emprego e riqueza. “Houve
um crescimento absurdo. Pessoas vieram de outros municípios e até de
outros Estados. Uma ocupação desordenada, o surgimento de favelas,
palafitas por todos os leitos dos nossos igarapés, como por e xemplo,
do igarapé do Espírito Santo que corta a sede do município”, conta
Mitouso.
Com essa ocupação, destaca Mitouso, a
consequência são problemas de saneamento básico, de saúde, déficit na
educação, violência e muitos outros males próprios da falta de
planejamento urbano. O que é dito por ele, através da experiência de
quem nasceu e sempre viveu em Coari, é confirmado em estudos feitos pela
Universidade Federal do Pará e pela Fundação universidade do Amazonas.
Os registros populacionais dão conta de que a sede do município de
Coari, em 1980, era ocupada por 14.787 habitantes, mas a partir das
primeiras atividades relacionadas à extração de petróleo e gás natural,
sua população de um salto, em 2005, para 49.633 pessoas, um crescimento
de 300% em apenas 25 anos. Já a população total, camp o e cidade, no
mesmo ano (2005) chegou a quase 85 mil pessoas e nos dias atuais, esse
número não se modificou muito, com uma pequena redução para 79.909
pessoas que habitam Coari.
“Na prática, é só você ver que em Coari
há 200 comunidades rurais, pessoas que por não acharem oportunidade na
sede, se deslocaram para os beiradões e foram esquecidas por lá,
sofrendo ano após ano, com a falta de água potável, de energia elétrica,
educação e muitas outras coisas”, conta Mitouso
Aniversário na Área Rural
Essas explicações do prefeito de Coari,
Arnaldo Mitouso, fazem entender porque sua escolha de intensificar
ações na área rural, durante o mês de aniversário da cidade. No final de
semana passado, ele esteve na comunidade são João do Paricá, lugar
distante 3 horas de voadeira da sede do município, onde entregou escola e
centro social reformados e a primeira biblioteca das escolas da Zona
Rural (Marisa Almeida). Esse final de semana, ele estará na comunidade
rural do Boam, um vilarejo bem mais próximo, há 30 minutos da sede,
habitado por 40 famílias, dez delas receberão casas populares. Mitouso
vai inaugurar a escadaria de acesso à comunidade, já que antes as
famílias tinham que escalar os barrancos.
Ele também dará início ao trabalho de
pavimentação das ruas, entregará o centro social e a escola que foram
reformados. Fará a inauguração da quadra poliesportiva e entregará à
comunidade uma casa de farinha dentro de padrões higiênicos, fruto de
convênio que foi firmado entre Prefeitura de Coari e Governo do Estado,
representado no município pelo Instituto de Desenvolvimento do Amazonas
(IDAM). O prefeito vistoria os trabalhos da instalação da rede
elétrica e hidráulica da cidade e entrega um gerador de 30 kwatts.
Na comunidade do Inajá, Mitouso entrega
um centro social. Na sede de Coari, Mitouso firma parceria com o
comando da Polícia Militar, coronel Cosmo, para dar melhores condições
de trabalho aos policiais. “Eles já tiveram seu quartel, mas nem sei
dizer como, um dos ex-administradores de Coari conseguiu tomar o quartel
para transformar num ginásio e jogou os policias num cubículo,
apertado e sujo”, critica Mitouso. Com recursos próprios, o prefeito
está fazendo o caminho inverso, transformando um ginásio que se
localiza na estrada do aeroporto, ponto estratégico por estar numa área
onde houve aumento da violência, em quartel onde os PMs terão a
estrutura certa para ações de segurança. “Esse será um aniversário dife
rente, não só de festa, mas de trabalho e investimentos”, comemora
Mitouso.
Fonte: Portal do Holanda