Direção do partido nega que ato seja uma contrapartida ao revés sofrido pelo prefeito de Coari na Justiça do Amazonas
O prefeito Arnaldo Mitouso, condenado pelo TJ-AM, receberá homenagem
(Luiz Vasconcelos - 16.04.2010)
O
PMN vai homenagear o prefeito de Coari, Arnaldo Mitouso. Isso
acontecerá no 1º Congresso Estadual do partido, na tarde de sábado (26),
no salão nobre do Tropical Hotel Manaus.
Mitouso
foi julgado na terça-feira (22), pelo Pleno do Tribunal de Justiça do
Amazonas (TJ-AM), e condenado à unanimidade a oito anos de prisão mais a
perda do mandato após o trânsito em julgado da sentença, por matar, com
dois tiros, o então prefeito daquele município, Odair Carlos Geraldo,
em agosto de 1995.
A homenagem que
receberá do PMN, porém, não é uma demonstração pública de apoio
político. Ao menos oficialmente, e na visão do presidente do partido,
Jerônimo Maranhão Vieira Rodrigues.
Ele explicou que o prefeito de Coari terá reconhecida sua fidelidade, pois entrou no PMN em 1991 e permanece até hoje.
“A
fidelidade partidária é uma instituição que poucos prezam, mesmo que
seja uma exigência legal e até acarrete sanções aos infiéis. Então,
políticos como Arnaldo Mitouso, que passam 20 anos na mesma legenda
sempre ativos e atuantes, são raros e merecem reconhecimento”, defende
Maranhão.
Quanto à condenação no
TJ-AM, ele registra nada tem a ver com o comportamento
político-administrativo do prefeito, “que não é alvo de processo por
corrupção” , e faz coro a Mitouso em alguns questionamentos: “É de se
perguntar por que ele só veio a julgamento agora, depois de 16 anos?
Haveria algum interesse inconfesso por detrás da celeridade repentina do
processo?”
Consequências
Embora
Arnaldo Mitouso seja o único prefeito do PMN no Amazonas, e justamente
do município mais rico do interior do Estado, a impossibilidade dele
concorrer à reeleição em 2012 devido à inelegibilidade decorrente de seu
enquadramento na Lei da Ficha Limpa não é vista como um problema maior
para o projeto eleitoral do partido em Coari.
Maranhão
acredita que a condenação não afetará a imagem política de Mitouso
porque a natureza do problema não é política e “ele vem fazendo uma
administração correta, competente e voltada para a melhoria do
município”.
À parte a inelegibilidade
do prefeito de Coari, o fato é que o PMN chegará às eleições de 2012
com bem menos músculos do que tinha até o primeiro semestre deste ano
quando contava com o governador do Amazonas, Omar Aziz, os deputados
estaduais Davi Almeida e Josué Neto, e os vereadores Glória Carrate e
Dr. Gomes, em Manaus, além de dezenas de lideranças locais interioranas.
“O
congresso servirá não só para a definição das diretrizes do partido
daqui por diante; vamos discutir a legenda do ponto de vista orgânico e
consolidar nossas propostas para a governança administrativa e as
políticas públicas nos âmbitos estadual e municipais”, disse Maranhão.
Congresso refunda o partido no AM
Fundado
nacionalmente em 1984, o PMN ficou sob o comando do governador do
Amazonas, Omar Aziz, até o mês de setembro. O governador se transferiu
para o PSD, do prefeito de São Paulo, gilberto Kassab, e levou com ele
deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores. Omar é a
principal figura da legenda no Estado.
O
PMN, de acordo com Jerônimo Maranhão, sobreviveu às baixas da revoada
para o PSD e se manteve organizado no Amazonas, com diretórios em todos
os municípios do Estado, mantendo em seus quadros três vice-prefeitos
(Novo Airão, Novo Aripuanã e Maués), o prefeito de Coari e vários
vereadores.
Mas, para Jerônimo
Maranhão, só começará a existir de fato a partir do primeiro congresso
estadual, quando deverá reunir cerca de 300 pessoas, entre delegados e
convidados.
Entre essas propostas,
adianta, estará a de total transparência nos gastos públicos, “para que a
população saiba o custo real de cada obra ou serviço pago”, prega
Maranhão.
Jerônimo reafirma candidatura
O
PMN terá candidato à Prefeitura de Manaus. E será o próprio presidente
estadual do partido, Jerônimo Maranhão, em chapa na qual o candidato a
vice-prefeito deverá sair da legenda, “pois a prioridade nessa eleição
será buscar o voto qualificado, do eleitor que entende a diferença entre
propostas reais e fantasias que nunca serão cumpridas. Ou que, quando
saem do papel, consomem muito mais do que o seu verdadeiro valor”, diz.
Entre
o que chama de “propostas reais”, Maranhão destaca o enxugamento da
máquina administrativa, o corte dos desperdícios financeiros tanto com o
mau dinensionamento de despesas quanto com superfaturamentos e a adoção
de um modelo administrativo mais moderno, focado em metas, prazos e
resultados.
“Honestidade
administrativa é fundamental, seja na iniciativa privada ou no setor
público. Com isso as coisas funcionam e pode-se fazer muito mais”,
finaliza.
Fonte:
acritica.uol.com.br