Nos últimos anos, o fluxo migratório de pessoas para o Amazonas tem levado a uma depreciação do meio ambiente, o que causa impacto aos ecossistemas. No município de Coari (a 368 Km de Manaus), essa realidade foi avaliada e dados científicos apontam para índices medianos de 15% de contaminação por filarioses, as quais são transmitidas pelo mosquito pium, em decorrência da problemática da busca populacional pela nova fronteira agrícola amazônica.
A pesquisa, denominada “Filarioses no Município de Coari: Estudo Epidemiológico e Diagnóstico Molecular”, é coordenada pela doutoranda em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Marilaine Martins.
A cientista, que trabalha na Fundação de Medicina Tropical (FMT-AM) chefiando a gerência de parasitologia, ressalta que os picos de contaminação em Coari chegam atualmente a 30% em algumas comunidades do município.
“Estamos fazendo uma pesquisa pioneira de caracterização genética das filárias. Mas também prestamos assistência às pessoas que têm sintomas”, explicou Marilaine, ressaltando que as doenças endêmicas na Amazônia são um dos principais obstáculos ao progresso coletivo.
Sobre as causas do problema, a pesquisadora acrescentou que não é possível afirmar se as altas populacionais ocasionadas por conta das obras do gasoduto Coari-Manaus influenciam nos quantitativos. Todavia, ela destacou que a comunidade científica já conhecia a possibilidade de aumento dos casos de filariose no município coariense. “O Rima (Relatório de Impacto Ambiental) da parte médica, feito pela Ufam, já apontava a possibilidade de contaminação”, afirmou Marilaine.
A cientista enfatizou que as pessoas infectadas por filarioses via picada de pium devem receber tratamento médico a cada seis meses. “No Amazonas, até o momento só foi notificada a existência de duas espécies de filária. Mesmo assim, o tratamento deve ser rigoroso”, alertou.