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terça-feira, fevereiro 16, 2010

O Ponto Acomodador



Em um dos meus livros (O Zahir), procuro entender por que razão as pessoas têm tanto medo de mudar. Quando estava em pleno processo de escrita do texto, caiu nas minhas mãos uma estranha entrevista, de uma mulher que acaba de lançar um livro sobre – imagine o quê? – amor.
O jornalista pergunta se a única maneira do ser humano atingir a felicidade é encontrando a pessoa amada. A mulher diz que não:
“O amor muda, e ninguém entende isso. A idéia de que o amor leva à felicidade é uma invenção moderna, do final do século XVII. A partir daí, a gente aprende a acreditar que o amor deve durar para sempre e que o casamento é o melhor lugar para exercê-lo. No passado não havia tanto otimismo quanto à longevidade da paixão”.
“Romeu e Julieta não é uma história feliz, é uma tragédia. Nas últimas décadas, a expectativa quanto ao casamento como o caminho para a realização pessoal cresceu muito. A decepção e a insatisfação cresceram junto.”
Segundo as práticas mágicas dos feiticeiros no norte do México, existe sempre um evento em nossas vidas que é responsável pelo fato de termos parado de progredir. Um trauma, uma derrota especialmente amarga, uma desilusão amorosa, até mesmo uma vitória que não entendemos direito, termina fazendo com que nos acovardemos, e não sigamos adiante. O feiticeiro, no processo de crescimento de sua conexão com os poderes ocultos, precisa primeiro livrar-se deste “ponto acomodador”, e para isso tem que rever sua vida, e descobrir onde está.
Por quê?
Porque, diz a história que nos foi contada, em um determinando momento de nossas vidas “chegamos ao nosso limite”. Não devemos mais mudar. Não conseguimos mais crescer. Tanto a profissão como o amor atingiram seu ponto ideal, e é melhor deixar tudo como está. Verdade? A verdade é a seguinte: sempre podemos ir mais longe. Amar mais, viver mais, arriscar mais.
Nunca a imobilidade é a melhor solução. Porque tudo à nossa volta muda (inclusive o amor) e precisamos acompanhar este ritmo.
Estou casado a 30 anos com a mesma pessoa, mas metaforicamente mudei de “mulher” (e ela mudou de “marido”) várias vezes durante nossa relação. Se quiséssemos continuar como éramos em 1979, não creio que tivéssemos chegado tão longe.

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