A poesia e a
literatura de cordel estão conquistando os jovens coarienses, graças a oficina
de Literatura de Cordel realizada pela Prefeitura de Coari, por meio da
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). O objetivo da oficina é incentivar
a prática da escrita, leitura e escuta em versos, através da oralidade da
cultura popular.
Na oficina, os participantes aprendem, por meio de
histórias, improvisos e interação, como escrever e contar as diversas
modalidades da literatura de cordel. Dinâmicas trabalham a expressão corporal
para o universo da poesia popular rimada e metrificada ser vivenciado
plenamente.
O projeto está despertando o interesse dos alunos pela
leitura e também o talento na escrita que muitos nem sabiam que tinham. A
inspiração que surge vai para ponta da caneta e toma formas e palavras em
páginas de cadernos. “Achei interessante por ser uma forma de contar uma
história de um jeito diferente”, afirma o acadêmico de Biologia e Química,
Nilton Azevedo (28), que busca na oficina aperfeiçoar seus conhecimentos para
poder escrever um cordel que esclareça, de forma simplificada, os elementos
químicos da tabela periódica.
“No
começo achei um pouco difícil, mas depois foi ficando mais fácil, até porque eu
já tinha tido contato com o cordel de Patativa do Assaré”, ressalta o acadêmico.
Combinar as palavras foi um desafio no começo, mas
eles conseguiram. “Não é tão simples assim, achei um pouco difícil porque não é
fácil encontrar palavras que rimam entre si”, conta Júnia Silva (16), uma das participantes
que se empolgaram com os versos do cordel, que têm forma melodiosa e
cadenciada. “Eu gostei de conhecer a forma de como se ler Literatura de Cordel,
e essa experiência está sendo muito gratificante, porque além de ajudar a aumentar
o nosso vocabulário, consequentemente, melhora a nossa escrita”, assegura Júnia.
O
facilitador da turma, o professor de Língua Portuguesa Daniel Almeida, diz que
os alunos se interessam muito pelo jeito diferente de contar histórias do
cordel. “É impressionante notar como todos que estão participando dessa oficina
melhoraram a leitura e a forma de escrever. E, a receita é simples, nós
transmitimos as informações de uma maneira prazerosa, deixando os participantes
livres para expressar seus sentimentos. Cada um faz a sua rima com o tema que
quiser, porque acreditamos que se você impor, como forma de castigo, por mal
comporto, como faz o ensino tradicional, o trabalho não vai render, e muito
menos conseguir seu objetivo”, explica Almeida.
Sobre a
oficina
A oficina, faz
parte do Projeto de Fomento à Leitura e a Produção Literária Coariense,
implantado pelo atual secretário de cultura de Coari, Archipo Góes.
Desde que foi
implantado em junho do ano passado, o projeto já ajudou a financiar a
publicação de 4 mil livros, todos de poetas e escritores da Terra do Gás.
Muito popular no nordeste, o cordel
é um gênero literário escrito em forma rimada, que foi introduzido na cultura
coariense no final da década de 1920, pelo nordestino, primo do famoso
cordelista Patativa do Assaré, Alexandre Montoril, que no ano de 1927 assumiu o
cargo de prefeito interventor do município de Coari, depois que seu antecessor,
Herbert de Azevedo, foi brutalmente assassinado.
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