Município é um dos cinco que receberão visita da Coordenadoria de Combate ao Crime Organizado
Promotor de Justiça, Fábio Monteiro, diz que um dos focos da investigação são as fraudes em processos licitatórios (Antônio Menezes)
Pelo
menos 20 pessoas ligadas à administração do Município de Coari
(distante 270 quilômetros de Manaus) serão ouvidas na primeira quinzena
de março pelo titular da Coordenadoria de Apoio Operacional de Combate
ao Crime Organizado (CaoCrimo), promotor de Justiça, Fábio Monteiro.
Os
depoimentos fazem parte do cronograma de visitas aos municípios do
interior que será realizada este ano pelo Ministério Público Estadual
(MPE) para apurar denúncias de irregularidades, nessa primeira etapa,
nas prefeituras municipais de Envira, Maraã, Tapauá, São Paulo de
Olivença e Coari.
As
denúncias que colocaram Coari no topo da lista dos municípios que serão
visitados pelo CaoCrimo partiu do ex-vereador e ex-secretário de
administração da cidade, Evandro Morais. A informação foi repassada por
Fábio Monteiro.
Segundo ele, o ex-secretário procurou o MPE
com “material da prefeitura”. “Conversei com ele (Evandro Morais), e
ele nos procurou com material de lá da prefeitura. A gente já sabe os
nomes das pessoas que vamos procurar, mas para evitar a dificuldade na
coleta de provas melhor não divulgar”, explicou o coordenador do
CaoCrimo.
Lista
de depoentes Segundo Fábio Monteiro, o CaoCrimo espera apenas a lista
final com os nomes das pessoas que serão ouvidas para que sejam
instaurados os procedimentos. Monteiro disse que os trabalhos foram
adiantados nos dois primeiros meses deste ano, e que espera a lista para
a próxima semana.
“Com
o recesso do Carnaval os promotores não mandaram ainda os nomes. E com
isso estou fechando a data para ir a Coari em março”, disse o promotor
de Justiça. Entre as denúncias que serão apuradas nos municípios, as
mais registradas são: fraude em licitação, direcionamento de empresas em
processos licitatórios, dispensa de licitação irregular e prestadores
de serviços irregulares.
“Há
indícios de que vários fornecedores das prefeituras teriam empresas em
nomes de laranjas. Pessoas inclusive de dentro da administração”,
comentou Monteiro.
Nas
visitas do CaoCrimo, aos município do interior do Amazonas, além do
promotor Fábio Monteiro, deverão fazer parte da equipe auditores do
Ministério Público Federal (MPF), para apurar irregularidades em
convênios das prefeituras com a União; agentes da Polícia Federal (PF), e
representantes do Ministério Público de Contas (MPC) e do Tribunal de
Contas do Estado (TCE-AM).
Município é palco de conflitos
Os
constantes conflitos envolvendo a Prefeitura de Coari explicam a
motivação das denúncias apresentadas pelo ex-secretário de
administração, Evandro Morais, ao CaoCrimo.
“Ele
(Arnaldo Mitouso) sabe o calhamaço de documentos que eu tenho sobre
irregularidades dentro da prefeitura”, o aviso em tom de ameaça ao atual
prefeito de Coari foi feito em outubro de 2011, por Evandro Morais.
Na
ocasião, Morais se defendia da acusação de que um homem armado, preso
pelos seguranças do prefeito no aeroporto de Coari, estava a serviço
dele.
Mitouso,
dois meses antes, em agosto de 2011, sobreviveu à uma tentativa de
assassinato na Avenida Torquato Tapajós, Zona Norte de Manaus. Foi
alvejado com um tiro no pescoço que não atingiu nenhuma veia nem a
coluna cervical.
A
picape Hylux em que ele estava, e que era conduzida pelo segurança
Celidônio da Silva, recebeu nove disparos de pistola 9 milímetros, arma
de uso exclusivo das Forças Armadas.
Após
passar por exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML) de
Manaus, o prefeito foi à sede da Polícia Civil (PC) e disse que o
atentado tinha motivações políticas, mas não deu nomes de quem poderiam
ser os mandantes do crime.
Fonte: ACrítica
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