“Certa vez, numa aula que dei em São Paulo, afirmei que as universidades brasileiras pensam e ensinam de costas para o nosso País. E, para provar o que estava dizendo, pedi que levantassem a mão os que, ali, pelo menos uma vez, já tivessem ouvido falar em Kant. Todo mundo fez o gesto que eu solicitara. Fiz então, pedido igual em relação a Matias Aires – e somente um rapaz ergueu, de novo, a mão que baixara.
Comentei: ‘Estão vendo? Matias Aires,
o maior pensador de língua portuguesa do século XVIII era brasileiro e
paulista; e, aqui, só é conhecido por aquele rapaz que ali está! ’.
Voltei-me
para o solitário e indaguei: ‘Você já leu Matias Aires? Ou somente ouviu falar
sobre ele, em alguma das aulas que recebeu?’.
O rapaz respondeu: ‘Nem uma coisa
nem outra. Conheço o nome porque, aqui em São Paulo, moro na rua Matias Aires’.”
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