Os investimentos bilionários não foram traduzidos na redução direta do preço para o consumidor na tarifa de energia e nas bombas dos postos de gasolina.
Manaus - Produzir petróleo e gás na Amazônia sem causar danos ambientais foi o desafio da Petrobras colocado em prática há 25 anos, com a descoberta da Província de Urucu, em Coari, na Bacia do Solimões. Ao longo desse período, a estatal investiu US$ 8,7 bilhões e estimulou a criação de uma nova matriz energética limpa e segura para Manaus e seis municípios, em fase de implantação.
Os investimentos bilionários não foram traduzidos na redução direta do preço para o consumidor na tarifa de energia e nas bombas dos postos de gasolina, com a alta carga tributária sobre os derivados. Serviram para criar milhares de empregos, abastecer os cofres públicos com R$ 1,2 bilhão em tributos pagos somente em 2010 e desenvolver soluções para implantar uma indústria no meio da selva com todos os riscos inerentes à atividade exploratória.
“Se decidir interromper a produção de um poço, eu tenho como explicar para a Petrobras, mas em caso de um acidente com danos ao meio ambiente, seria difícil justificar”, explica o gerente João Roberto Rodrigues, que comanda a Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, o nome oficial do complexo do Polo Arara, em Urucu.
A saga da estatal na busca de petróleo e gás e escala comercial na Amazônia foi concretizada em outubro de 1986, no poço RUC-1, a cerca de 15 quilômetros do Rio Urucu. Pela primeira vez na Amazônia uma acumulação de óleo e gás em escala comercial foi explorada, deixando para o passado a frustração de Nova Olinda, quando, em 1955, um poço na margem do Rio Madeira jorrou óleo. Naquela ocasião, o então presidente Juscelino Kubitschek foi ao município e até o jornal ‘The New York Times’ noticiou o fato.
Dois anos após comprovada a viabilidade comercial, a Petrobras montou uma estrutura para escoar o óleo, enquanto reinjetava o gás, sem ter como escoá-lo. Construiu o gasoduto Coari-Manaus orçado inicialmente em R$ 1,2 bilhão, que foi concluído por R$ 4,5 bilhões.
Atualmente, a companhia possui uma estrutura com capacidade de produzir, em média, 52,9 mil barris de óleo por dia. São produzidos outros 11,7 milhões de metros cúbicos (m³) por dia de gás natural, dos quais apenas 3 milhões de m³ são escoados para abastecer as usinas de Manaus, por falta de demanda e não de capacidade, informa o gerente-geral da Unidade de Negócios da Petrobras no Amazonas, Luiz Ferradans. O contrato de 20 anos firmado com a Companhia de Gás do Amazonas (Cigas) é de 5,5 milhões de m³/dia, mas só três usinas locais estão utilizando o novo combustível.
Bacia do Solimões - Complexo de produção se estende por 70 poços
O campo de Urucu possui aproximadamente 70 poços em operação, que tornam o Amazonas o terceiro maior produtor de óleo e gás associado.
Para escoar a produção do meio da selva, a Petrobras construiu uma rede de dutos que ligam os poços até a área de processamento do Polo Arara. De Urucu seguem por três dutos, até o Terminal do Solimões, um complexo situado a 16 quilômetros da sede do município de Coari. Um duto para escoar o óleo, outro para o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, e outro para o gás natural, que abastece parte das usinas do parque térmico de Manaus, com a substituição do caro e poluente óleo e reduziram as emissões de gases na atmosfera.
Do terminal, o GLP é embarcado em navios butaneiros, assim como o óleo nos petroleiros e vão para a Refinaria Isaac Sabbá (Reman). O gás natural prossegue até Manaus pelo gasoduto por mais 383 quilômetros, cortando outros seis municípios no trajeto.
Novas áreas visam ampliar reservas
A empresa possui oito concessões no Estado em fase de exploração, com um total de 722 poços perfurados. Para tocar os planos, devem ser investidos US$ 3,4 bilhões até 2015. As atividades se concentram na Bacia do Solimões, com cinco concessões, e na Bacia do Amazonas, a leste de Manaus, onde detém três campos, entre eles Japiim e Azulão, em Silves, com reservas comerciais de gás.
Nessa área, a empresa poderá fornecer o gás para usinas locais, pois ainda não há plano de construir um gasoduto, como o de Aracanda-Juruá-Urucu, que obteve o licenciamento ambiental. De acordo com o gerente-geral Luiz Ferradans, a construção prevista para ser concluída em 2013 terá 140 quilômetros. A obra vai escoar o gás do campo de Juruá, descoberto em 1978, em Carauari.
A empresa também faz levantamento sísmico em Itapiranga desde julho para descobrir novas reservas. Atualmente, há uma equipe de cerca de 2 mil pessoas nessa área. “Os investimentos são sempre necessários para dar longevidade aos processos de produção”, explica.
Outra aposta é no poço Igarapé Chibata 1, em Tefé, a 15 quilômetros de Urucu, com vazão em fase de testes acima da média dos demais poços daquela região.
Fonte: d24am.com
Fonte: d24am.com
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