Empresários e familiares de prefeito também estavam na lista do programa. Diversos casos de desvio de verbas da prefeitura de Coari são investigados.
Promotor de Justiça apontou diversas irregularidades na administração de Coari (Foto: Divulgação/MPE)
O Ministério Público do Estado do Amazonas
(MPE/AM) divulgou, nesta sexta-feira (22), o resultado das
investigações sobre diversas irregularidades referentes a administração
do município de Coari,
a 363 km de Manaus. Constam no balanço indícios de fraude em licitações
e no programa Bolsa Família, do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, que estaria beneficiando políticos, empresários e
familiares do prefeito da cidade.
Desde o início deste ano, o Ministério Público investiga denúncias
feitas pelo ex-secretário de administração do município, Evandro
Rodrigues de Moraes, e pelo procurador da Comarca de Coari contra a
prefeitura municipal. Entre as irregularidades citadas está um desvio de
verba na contratação de uma empresa de locação de lanchas para
transporte escolar, no valor de R$ 9 milhões. O contrato informa que a
empresa vencedora do processo licitatório possuía 292 lanchas. No
entanto, as investigações constataram que o proprietário da empresa era
detentor de apenas uma lancha. O dono da empresa, na época em que foi
feita a licitação, exercia cargo comissionado na Casa Civil da
prefeitura de Coari.
De acordo com o MPE, a empresa não tinha capacidade técnica ou
financeira para prestar o serviço. "Do ponto de vista da licitação, essa
empresa deveria ter sido inabilitada. Ela não possui capacidade técnica
e financeira para concorrer ao processo. O patrimônio dessa empresa não
chegava a 10%, valor mínimo estipulado pelo edital de licitação", disse
o promotor de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio Operacional das
Promotorias Especializadas no Combate ao Crime Organizado (CAO-CRIMO),
Carlos Fábio Braga Monteiro.
Um outro contrato de R$ 14 milhões para a locação de veículos pesados
também é contestado por situação semelhante. O contrato citava que
seriam alugadas 12 máquinas, mas a empresa não possuía esta quantidade
de equipamentos. O patrimônio da empresa, estimado em 400 mil reais,
também era inferior a 10% do valor da licitação. "A empresa não poderia
ter vencido", reiterou Monteiro.
Em uma emissora de rádio no município de Coari, o Ministério Público
constatou mais uma irregularidade. Quase todos os funcionários eram
pagos pela prefeitura em troca de propaganda e divulgação. Segundo o
promotor de justiça Carlos Fábio Braga Monteiro, pessoas eram
contratadas na rádio por meio de pedidos informais, utilizando bilhetes
escritos à mão, que eram encaminhados por parentes de secretários. Cerca
de 100 bilhetes foram contabilizados nas investigações.
Outro caso citado foi o de um escritório de advocacia contratado sem
licitação para prestar serviços à prefeitura no valor de R$ 480 mil. No
entanto, segundo o MPE, a empresa só foi criada três meses depois do
início da execução do contrato.
Fraudes no recebimento do programa Bolsa Família também aparecem no
processo. Familiares do prefeito de Coari, Arnaldo Mitouso, e mais 16
pessoas ligadas a ele, além de empresários e políticos do município, são
acusados de serem beneficiados pelo programa Bolsa Família, do Governo Federal.
As denúncias relacionadas ao prefeito serão encaminhadas à Procuradoria
Geral do Estado (PGE). As demais serão de responsabilidade do promotor
da comarca de Coari. O Ministério Público Federal deverá receber as denúncias referentes ao Bolsa Família.
O G1 contatou a representação do munícipio em Manaus,
que afirmou não ter conhecimento a respeito das denúncias. A reportagem
também procurou a Casa Civil de Coari, mas não obteve resposta.
Fonte: g1.globo.com
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