Depois de tantas décadas caladas, fazendo bolo e varrendo a sala, as mulheres foram para o extremo oposto. Surtaram coletivamente. Organizaram um motim mundial e fizeram os homens de reféns, sem nenhum direito a questionar nem censurar - seriam chamados de insensíveis, broncos, toscos, agrestes, ignorantes, estúpidos e imbecis. Daí vem a pergunta inevitável: como agir com essas mulheres? Com o intuito de ajudar os homens a lidar bem (ou menos mal) com o sexo feminino, mantendo a integridade física e moral, fizemos um rápido guia de como identificar e conviver com os tipos mais comuns de mulheres alteradas. Mesmo elas sendo mutáveis como vírus, achamos que isso lhe pode ser muito útil...
A CARENTE
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: chantagem emocional (enorme), greve de sexo (moderado) e suicídio (grande).
SINTOMAS: Você liga pra ela duas vezes por dia? E ela: "Mas só?" Apresentou todos os seus amigos, menos o Zé, que chegou ontem da Tanzânia? "Você tem vergonha de mim." Quis jantar rápido pra não perder o jogo do Santos? "Qualquer coisa é mais importante que eu. "Teve uma reunião de cinco horas, tá puto da vida e não quer transar? "Você não tem mais tesão por mim." Por mais que você se esforce, a carente sempre vai ver algum detalhe que a faça chegar à conclusão de que você não gosta dela.
TRATAMENTOS: Dê um cachorro pra ela. Se ela não gostar de bichos, dê um bonsai. Se ela não gostar de plantas, dê cartões amorosos. Se ela não gostar de declarações melosas (caso raríssimo), de um pé na bunda. Se isso só servir para piorar a carência, dê o telefone de um psiquiatra. Então você conhecerá todo o poder revitalizante dos psicotrópicos. Se tiver saco e ficar pra ver, claro.
A GORDA
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: chantagem emocional (grande), greve de sexo (enorme) e suicídio (moderado)
SINTOMAS: Ela demora horas pra se vestir e quando, finalmente, acha um modelito, vai te mostrar. Você diz que ficou bom. "Bom? Você tá me achando uma orca, né? Pode falar, pode falar!" Não importa o quão gostosa e bonita ela estiver, nem o quanto você repita que ela é um tesão: a gorda mental sempre vai se achar um elefante. À medida que a encanação com o corpo aumenta, o sexo diminui porque ela sente vergonha de ficar pelada na sua frente. No estágio mais avançado, até a vida social fica ameaçada: ela evita sair de casa porque acha que todo mundo vai comentar que ela virou um boneco Michelin. A obesidade mental pode levar à depressão e à histeria.
TRATAMENTOS: Vá a lugares em que a probalidade de encontrar pessoas realmente gordas seja grande: cantinas italianas, barracas de pastel em feiras e bingos - com a comparação, ela se sentirá a Bündchen. Evite assistir a qualquer programa de TV do qual participem mulheres gostosas - só veja Animal Planet e Discovery Channel. Não deixe de forma alguma que ela te pegue lendo a VIP. Se nada disso surtir efeito, dê o telefone de um psiquiatra. Bem gordo. Então você conhecerá todo o poder levantador de auto-estima dos psicotrópicos.
A DEPRIMIDA
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: chantagem emocional (grande), greve de sexo (enorme) e suicídio (grande)
SINTOMAS: Estado de espírito cinza feito dia de inverno em São Paulo. Choro, tristeza, sensação constante de "ninguém me ama, ninguém me quer", apatia. Ela se acha um lixo, desinteressante, inútil e abandonada. Fica quieta num canto sem procurar ninguém porque tem horror de incomodar - daí se sente sozinha e mais triste. O mundo se torna uma imensa meleca na qual ela está mergulhada e afundando.
TRATAMENTOS: Dê muita atenção a ela: companheirismo é a coisa mais importante nessa fase. Jamais diga: Você não tem motivos pra ficar assim. Se ela está assim é porque tem motivos, oras. Deixe-a chorar quieta no seu ombro. Passe na locadora e alugue os filmes do Woody Allen (quem sabe ela note o lado cômico do próprio estado). Leve-a pra sair, mas nada de danceteria lotada: estar no meio de gente sorridente e saltitante só a fará ficar mais deprimida, se achando uma louca deslocada no mundo. E, importantíssimo: dê a ela o telefone de um psiquiatra. E então você conhecerá todo o poder dissipador de trevas dos psicotrópicos.
A CHATA PATOLÓGICA
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: baixaria em público (moderado)
SINTOMAS: Cineminha. Você propõe o novo filme do Spike Lee. "Ah não. Não vou ficar 1 hora e meia ouvindo falarem "fuck" a cada duas palavras." Então as Panteras? "Não vou pagar pra ver o traseiro da Cameron Diaz." Então tá. Você esquece o cinema e propõe um jantar. Indiano? "Você não lembra que eu tenho alergia a curry?" Italiano? "Massa à noite?" Esquece o jantar. O negócio é ficar em casa. "Em casa? Parece que estamos casados há 30 anos..." Mas pode rolar um sexo. "Transar? Ah, não tô numas. Preferia ir ao cinema." Para a chata patológica, tudo é problema - até as possíveis soluções.
TRATAMENTOS: Mordaça. Peteleco na orelha. Virar o feitiço: ter o mesmo tipo de atitude com ela (como se faz com criança mal-educada). Apresentá-la para sua mãe (mas só se tiver certeza de que sua genitora a chamará de chatinha na cara dela). Se todas as tentativas falharem, presenteie-a com um grande pé na bunda - só assim você se pouparia de se sentir namorando uma sogra.
A HISTÉRICA
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: violência física (enorme), baixaria em público (enorme) e assassinato (grande)
SINTOMAS: A histérica tem como marca principal ir de 0 a 100 em 5 segundos. O rosto e o corpo até lembram o de uma mulher, mas tudo o que você consegue enxergar é um demônio, o exu tranca-rua encarnado. Ela grita porque você atrasou 5 minutos, não notou o novo corte de cabelo, esqueceu de comprar o presente de aniversário da avó dela. No trabalho, uma simples palavra de reprovação já a faz: a) cair no choro, b) sair batendo o pé, c) xingar o chefe. Se uma amiga sua (que ela não conhece) o cumprimenta, ela fecha a cara. Quando vocês chegam em casa, berra feito uma vaca no abatedouro, amaldiçoando aquela piranha vagabunda que você já deve ter traçado. Não tem absolutamente nenhum controle sobre os próprios impulsos e tom de voz. É praticamente o Hulk de batom.
TRATAMENTOS: Entoe mantras durante os surtos. Use tampões de ouvido. Amasse Lexotan no purê de batatas e dê na boquinha dela (ou enfie goela abaixo). Presenteie-a com sessões de massagem. Responda calmamente: "Querida, por que você está sendo tão rude com alguém que te ama tanto?" Para fazê-la sentir-se ridícula e calar a boca. E, importantíssimo: dê a ela o telefone de um psiquiatra. Então você conhecerá todo o poder domador dos psicotrópicos..
A NINFOMANÍACA
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: assassinato (enorme)
SINTOMAS: Não importa se você acabou de proporcionar três orgasmos múltiplos a ela. Não importa se fez isso todas as últimas 20 noites. Também não interessa se você está esgotado, acabado e precisa acordar cedo - ela quer é mais. Tá cansado? Azar o seu. Não terminou de jantar? Problema seu. Tá no meio de uma ligação com a sua mãe? Se vira. Caso você não compareça todas as vezes em que for solicitado, ela quase te bate. Se continuar a não comparecer, você ganha um lindo par de chifres.
TRATAMENTOS: Levitra, Cialis, Viagra, Uprima. Dar um vibrador turbo último tipo pra ela se divertir (e se cansar). Colocar Maracugina no suco dela durante o jantar. Tomar Lexotan e desmaiar até a manhã seguinte. É útil também dar a ela o telefone de um psiquiatra. Então você conhecerá todo poder broxante dos psicotrópicos. Em último caso, suporte os chifres calado.
A CIUMENTA POSSUÍDA
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: violência física (enorme), assassinato (grande), baixaria em público (enorme)
SINTOMAS: Ela arma barraco se você sorri pra atendente do supermercado. Cheira sua roupa, confere sua lista de ligações recebidas no celular, agarra seu braço quando passa ao lado de qualquer mulher, vive checando suas histórias com seus amigos, liga dez vezes por dia no escritório e ai de você se não puder falar: é tudo de que precisa pra ter certeza de que sua secretária está rebolando no seu colo. A louca de ciúmes desconfia de amigas, irmãs, mãe, subordinadas e de tudo o que faça xixi sentado. É uma guerreira incansável, sempre atenta e pronta para disparar seus mísseis, beliscões e impropérios em caso de ataque (ou suspeita de ataque) da inimiga. Transforma sua vida na Faixa de Gaza.
TRATAMENTOS: Dê a ela o telefone de um psiquiatra. Homem. E reze para os psicotrópicos fazerem efeito antes que a simpatia dela pela Lorena Bobbit aumente e algo em você desapareça.
A SUPERINDEPENDENTE
RISCOS QUE VOCÊ CORRE: NENHUM
SINTOMAS: Ela tem centenas de amigos que vivem lhe fazendo convites pra balada, happy-hour, cinema. Se for do tipo mais ogra, terá uma estante cheia de livros bacanas, TV a cabo com 500 canais, e uma garrafa de vinho branco na geladeira - as únicas companhias necessárias. A superindependente exala segurança e, mesmo sem abrir a boca, passa uma mensagem clara: "Você é legal, mas totalmente prescindível." Nem sempre retorna suas ligações, não dorme na sua casa, odeia apelidinhos e não anda de mão dada nem sob tortura. Vive falando de trabalho e não se cansa de repetir que acha o casamento uma instituição falida.
TRATAMENTOS: Em 90% dos casos, a superindependente é, na verdade, uma mulher que tem paúra de assumir que ADORARIA que você a chamasse de fofucha e fizesse cafuné até ela dormir.. Sabendo disso, aja com calma para não afugentá-la (ela odeia notar que não tem poder). Num dia, diga que gostaria de acordar com ela. No outro, convide-a para sair com sua turma de amigos. Mais pra frente, afirme que ela seria interessante até se fosse vendedora de quiabo. Se mesmo com tudo isso o coração dela não amolecer, camarada, é sinal de que ela pode não ser uma independente em excesso, mas sim não estar nem um pouco interessada em você. Constatado isso, peça a ela o telefone de um psiquiatra. Então você conhecerá todo o poder reanimador dos psicotrópicos.
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